A desumanização
Talvez
Esse tempo todo
Eu tenha feito uma busca
De mim mesma
Achando que buscava
Você
Talvez eu tenha me feito da falta
Reinventado espaços no universo
Em que pudesse respirar
Onde não havia ar
Talvez o silencio
Que incomoda
Me preencha
Talvez o excesso de fúria
Que assusta
Me sustente
Talvez minha existência
Seja um eterno talvez
De linhas que não se completam
De olhares que não se inundam
De corpos que passam
De eternas casas
Que não se habitam
Mas quanto de mim...
Quanto de mim eu posso saber?
Se desde que entendi esse vazio
Não parei de escrever?
Como posso ser algo, alguém
Se as palavras nunca cessam
E em cada verso você parece reviver...