QUE TEMPOS
QUE TEMPOS
Gostaria de falar de flores
Mas os tempos são de dores
De primaveras adiadas
De tristes jornadas
Em caminhos árduos
Cheio de pedras pontiagudas
Em que mudas
Não florescem ou frutificam
Morrem de inanição
De humanidade
E a desumanidade
Campeia e é campeã
Da existência vã
Sem sentido algum
Sem valor nenhum
Glorifica-se o mal
Torpedeia-se o bem
E morre-se sem querer
Sem saber
Por que de tanta violência
De tanta maledicência
Se aqui a passagem é fugaz
E deveria transcorrer em paz
Mas a raça
Inviabiliza a graça
E tonitrua a desgraça
Que segue crescente
No mundo descrente
De harmonia
De compaixão
De solidariedade
Da verdade
De que aqui estamos
Em nobre missão
E não para sofrer contratempos
Em tão curto tempo
Em que respiramos
Ares ainda respiráveis
Mas com tendência a irrespiráveis
Pela desigualdade que pregamos
Em nome do progresso
Exclusivamente material