A dúvida é uma dávida.
Com a dúvida,
buscamos o conhecimento.
Com a curiosidade,
apenas saciamos a vontade
de desnudar outrem.
Ou desnudar-se.

A dúvida inseta na alma
a vontade de entender,
de decifrar,
de adentrar.

De desbravar...
Umbrais desconhecidos.
Dialetos misteriosos.
Fósseis ocultos.

Aventar hipóteses.
Esgrimar com causas.
Duelar perigosamente
com as consequências.
Pular no abismo
de braços abertos...
Diluir-se
E, afogar-se em si mesmo.
No raso recipiente
da consciência.

A dúvida é divina
Deusa da inspiração.
Deusa da criação.
Da arte, da paixão e do medo.
Tão bela, tão cara e enigmática.
Sempre existirão perguntas sem respostas.
E, respostas sem perguntas.
E perguntas implícitas.

Sempre existirão reticências.
Infinitos findos.
Horizontes partidos.
Silêncios agnósticos.
Rituais caóticos.

A dúvida é um mantra.
Uma reza forte.
A disseminar a necessidade 
de entender mais,
de alcançar o possível
e o provável.
E, desafiar o impossível
e intangível.
O inimaginável.

A dúvida sobre você.
A dúvida sobre nós.
A dúvida sobre o tempo.
Na geografia da emoção.
No relevo do afeto.
No clima da maturidade.

A dúvida é a chave de tudo.
A certeza é a morte anunciada.
Tenha dúvidas...
Muitas e sempre.

Diante de uma certeza
Sobrevivem milhões de dúvidas.
 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 11/06/2017
Código do texto: T6024719
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