MULHER DAS MADRUGADAS ( Do livro "Poemas urbanos e outros planos" )

Maquiada, produzida

E nos espelhos da vida

Vai deixando sua pureza

A bebida te entorpece

És de quem te oferece

Um lugar em sua mesa

Beijo sempre a contragosto

Mas o sorriso no rosto

O momento nunca estraga

Tuas carnes exploradas

Entre as falsas gargalhadas

Daquele que te paga

És do moço, do banqueiro

Da casada, do solteiro

És escrava a se vender

Mas num quarto ou num carro

Entre doses e um cigarro

És a dona do prazer

E nos cínicos gemidos

Corações endurecidos

Amolecem, juram amor

Mas se vai o sentimento

Quando cobras pagamento

Ao frustrado ex-senhor

Finda a noite, chega o dia

Desmorona a fantasia

Maquiagens retiradas

O espelho, tristemente

Mostra o rosto inocente

Da mulher das madrugadas.

Carlos Felipe Sarmento
Enviado por Carlos Felipe Sarmento em 09/06/2017
Código do texto: T6023230
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