Influências

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Influências

Transito

entre o céu e o abismo;

a solidez das rochas

e o perfume das fores.

Há trânsito

entre galáxias e átomos;

pontos no céu e nas trevas;

paradas fungíveis do meu transe.

Transfiro energias...

Entre o bastão que empunho

(apoio que me mantém firme)

e o temor que me apavora

há tênue filamento

por onde posso exaurir-me.

Transfiro riscos...

Dá-me tua mão!

Arranca-me o bastão

que protege, mas sangra.

Não quero

a precocidade da fuga.

O que desejo, deveras,

é cair na infinitude dos teus braços,

enquanto pássaro que sou,

e voar no esquecimento do tempo.

Crato-CE, 7 de junho de 2017.

00h51min

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Mais poesias do próximo livro.

A carne, versos baquisas.

Estamos trabalhando para publicá-lo ainda em 2017.

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Personalíssimo

Tento falar sobre os imponentes arranha-céus.

Não é meu estilo.

Tento discutir sobre a bolsa de valores.

Não consigo!

Tento discursar sobre as desigualdades.

Não me sinto à vontade.

Tento buscar argumentos para nossa crise moral.

Não me brilham os olhos!

Sou construtor de céus curvos e femininos.

Discuto o valor da mulher, da feminilidade.

Da inigualável beleza que toda curva tem.

O que me desequilibra é o encanto da sugestão:

sugestão da nudez;

decotes de renda que não mostram nada...

Conduzindo-me, entretanto, para qualquer lugar.

A gravidade é propulsora de desnudamentos.

E minha voz grave,

enche-se de agravamentos e de torpor...

Tudo por causa do que ainda não pude ver.

(Nijair Araújo Pinto)

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Primeira leitura

Tentei ler você.

Na primeira página, o previsível:

Cheiro de rosas!

...

E um desejo:

Bem-me-quer, malmequer...

...

Sinto pétalas caindo

E

lindo botão,

ainda em flor,

abrindo-se para mim.

...

Beijei a flor virgem.

Beija-flor humano serei eu?

Beijo.

Flor.

Desabrochamento do amor,

fruto da leitura, apenas,

da minha primeira impressão...

Estou louco, ansioso e reticente:

Que final nos espera?

(Nijair Araújo Pinto)

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Sentares

A luz do Sol me fascina.

Quando refletida,

princípio físico,

esconde as suas formas,

criando sinuosas penumbras.

Que importa!

O que desejo agora,

acredite,

não é nenhuma visão míope.

Não busco presentes

no meu natalício.

Busco apenas sentir:

O calor da pele que amedronta o Sol;

e o extravasamento da entrega.

Submeta-se e me converta.

Quero que me transforme!

De cético,

virarei prontuário de balcão.

Ajoelhe-se e venha.

Aliás, pode sentar

– Aceito!

(Nijair Araújo Pinto)

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Aos amantes

Se for para ser o muito pouco de muitos,

muitas experiências terá.

Não precisamos mais de nenhum bordel;

as salas estão nas ruas, nas esquinas.

Ofereço-te, entretanto, o meu chapéu.

Não para colorarem migalhas;

serás rica flor, de numerosos beijos na mão...

Refúgio de vorazes beija-flores.

Voe e aceite o revoar de asas ao seu derredor.

Entenda e perceba os prazeres;

Carregue o fardo, misturando horrores,

sabores e dissabores das polinizações.

Não se furte às caras e bocas.

Não desanime os caras, nem os de mentes ocas.

Dementes, são todas aquelas ideias toscas,

arquitetadas nos ébrios tribunais.

Viver é gritar num cabaré, imitando as feiras!

Morrer é trancar-se num véu de freira,

enclausurar-se num templo,

fugindo das tentações.

Sei que meu discurso é ébrio, profano.

Que professo rompante de vitupério

e proclamo o amor ao banquete

- De imbecil intenção, pueril demais.

Posto que homens adoram máscaras,

retiro, do meu carnaval de horrores,

minha melhor fantasia:

O meu não-eu!

(Nijair Araújo Pinto)

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 07/06/2017
Reeditado em 14/06/2017
Código do texto: T6020552
Classificação de conteúdo: seguro
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