Um poema
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Um poema
O teu amor é orgânico.
Sinto-me dolorido,
perdido em meus próprios suspiros.
O que sinto é metafísico.
Perdi o encanto,
o brilho avassalador do desejo.
Do estar a dois,
relâmpago fugaz da existência,
restou a solidão.
Sou efêmero,
estado d'alma que clama.
Não mereço pena
- Quero e mereço é amor!
Lamento a letargia
da incompreensão.
A vida é dura,
carbono e diamante!
O que me fere,
entretanto,
é o não entendimento.
Voei na sedução da incerteza...
Jamais seremos!
Você caçou minha ilusão,
sufocando meu grito;
podou minhas asas,
num cíclico cordel de ranhuras...
Arrancou minhas primaveras,
deixando-me num outono
de cinzas.
Desabei em lágrimas.
Cobri-me com o manto
ensanguentado do sofrimento.
Desfez-se o amor,
consumado aos poucos,
sugando toda esperança
- Amor consumido,
sumiço de intenções reais.
Fui abandonado
na escuridão da indiferença...
Ficou o teu cheiro,
na palma da minha mão:
sem vida também.
Nijair Araújo Pinto
Crato, 2 de maio de 2017.
00h29min
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