Querido, eu vejo tudo agora...

Longas eram as noites

Esperando no céu

Contando meus passos

Para encontrar novamente

Nós tínhamos prometidos

Eu me acusei por ter sido verdadeiro

Mas eu jurei que eu estava bem

Tu pintaste as águas do mar de azul

E voltou para transformá-lo em tsunami

Eu estava no meio de uma tempestade

Em que teus ventos mudavam de forma

Imaginando que poderia ter um sol no outro dia

Bem, naquele dia fechei as janelas

Fiz um jogo com as palavras

Querido

Eu vejo tudo agora que agora sumiste no nevoeiro

Teus passos não sobraram no chão

A pessoa que viste na Praia Vermelha

Chorou em todo percusso

Eu deveria saber

Bem, talvez eu não deveria ter sido tão cego

Ou talvez seja você e sua necessidade de dar sorrisos e retirar depois

E tu vais me colocar

Em algum lugar da tua desmemória

E eu vou olhar para trás

Talvez eu não lembrar

Querido

Eu vejo que virei areia no meio da praia vazia

Tu não achas que foi tudo longe?

A Praia Vermelha perdeu a tonalidade

Querido

Eu vejo tudo agora que devia ter ficado no silêncio

Talvez me trataria melhor

Em seus esquisitos passos na areia, quando eu gostava tanto?

Eu deveria saber

Tu viraste um especialista em desculpas

Fui desviado de todas as ruas

Para não ser reconhecido

Todos os meus sentidos secaram

Os olhos sem vida cansados

Porque tu me queimaste

Mas eu levei seus fósforos antes que o fogo pudesse me pegar

Então tu não me olhas

A noite ganhou os tons cinzas

E tive que achar novas cores

Querido

Eu vejo tudo agora que aquele terreno têm espinhos

Deixado por flores mortas

Talvez eu não pise mais ali

Tu poderias não ter deixado isso lá

Para eu não pisar mais...

Sofia do Itiberê
Enviado por Sofia do Itiberê em 01/05/2017
Código do texto: T5986994
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