FRUSTRAÇÕES

Como a um pássaro noturno,

vindo de muito distante,

chego à igreja fechada,

em uma noite fria e constante.

Ninguém me vê ninguém me espera.

Não encontro mais nenhum abrigo.

Somente o frio som do bronze,

agitado pelos ventos uivantes,

vindo do sino da igreja, que acaba de soar,

suas doze ultimas badaladas,

seguidas uma após outra...

Tristes, monótonas e vibrantes,

ecoando o tempo de uma vã espera.

A noite havia caído sobre mim,

escura, nebulosa, fria, tempestuosa,

com raios e trovões ensurdecedores.

Entretanto, procurei me conter,

pois bem sei, não era isso, o que eu esperava.

Quando optei por voltar,

Imaginei encontrar, em minha volta,

dois braços bem abertos, um sorriso largo

e o aconchego do seu peito amigo .

Vim cheio de novos planos e grandes sonhos.

Vim carregado de alegria e esperanças,

por pensar que poderia recomeçar,

uma nova vida, após tantos e longos anos,

que vivíamos separados.

Infelizmente, acredito que me enganei,

pois, até mesmo a igreja se fechou para mim.

As pessoas desapareceram dentro da noite,

as ruas ficaram desertas, as estrelas se ocultaram

no negro infinito e as flores, já sem perfumes,

de tristezas se encolheram murchas e mórbidas.

Estação do Cercado (MG), 22 de abril de 2017.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 22/04/2017
Código do texto: T5978083
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