Sobre um boi solitário

O boi solitário:

seu campo, seu

pasto próprio.

À direita,

à esquerda:

eis sua vida ruminada.

E só.

Olhos de vidro contra

um céu sem mistério.

O intervalo chama,

os comerciais seduzem,

E o boi pisca, plácido;

resquício de algo.

O quê? Esquece,

não foi nada.

Boi solitário.

E perdido.

E entediado em si.

Nunca achado na

roda da vida.

Olhos de vidro contra

o nada de não sentir.

Boi solitário,

Vida pastosa escoada

no vício de ruminar,

e acreditar que é divertido,

tão divertido,

e só.

Tão, tão só.