Inerência

Essa dor tão cruel que me invade a alma,
nela, teima em viver sem ser convidada.
É obstinada em nunca me deixar na calma.
Verdadeira lepra que vive a mim agarrada.

Seu nome, sendo ingrata, nunca me revelou.
Somos amigos íntimos desde a tenra infância.
Conheço bem seu tamanho e seu amargo sabor.
Vivemos brigando numa inseparável aliança.

Será ela que já se fez minha companheira,
ou eu que não sei mais viver sem sua companhia?
Quando estou feliz ela me faz uma brincadeira,
marcando presença com sua fingida simpatia.


Tenho muitos ciúmes, dela não falo pra ninguém.
Sei que cada pessoa tem a sua bem guardada.
Como um amuleto de proteção, ela nos detém
presos a espera da satisfação nunca alcançada.


Vamos juntos caminhando até onde não sei!
Quem sabe até o tão inesperado momento final.
Quando eu dela saudosamente me despedirei,
a alegria será minha única companhia funeral.

 
Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 17/04/2017
Reeditado em 19/04/2017
Código do texto: T5973140
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