Caracol quebrado

Por que me chamas, amor,

o que queres dizer-me em tão baixa voz?

despedaço-a, faço dela, estranhas pétalas,

e a vida, essa flor rígida de desconforto,

nada me fala...

Abre meus olhos quase mortos,

diante de um coração nada conformado.

Debulho os pedaços dos meus extremos.

Meu caracol quebrado, despedaça-se,

me vulnerabiliza

na brisa que beija minha pele nua e fala em despedida,

como se houvesse me mandado a alma para algum deserto,

lugar onde pudesse beijar o sol ardentemente

e copular com uma vida nova, sem repetições de mágoas.

Restou-me o choro! Perdidas e ingratas lágrimas!

Tive que esperar o pôr do sol para me realegrar

e saber que nem tudo passa,

nem tudo morre,

e um desamor não se abraça.