Porque não é mais
Porque deixou de ser,
perdeu o brilho das cores,
a sensibilidade das palavras,
o cuidado em cada gesto.
E a ternura, num manifesto,
rompeu discursos mais inflamados,
reclamando as culpas, que já não pesam,
feito pretextos ultrapassados.
Porque deixou de ser,
notoriamente foi afundando em mágoas,
desfeito nas águas da incompreensão
que tanto desprezam as súplicas
perdidas na mais cruel solidão.
E o que poderia ser foi perdido,
num misto de rancor e hipocrisia,
numa relação que não vale mais nada
nem mesmo o que foi um dia.