Sonhos Desfeitos
Sonhos Desfeitos
Meus olhos se cruzam
Com os teus que vertem
Lágrimas silenciosas
Rasgando teu rosto
Na dor de um adeus.
Adeus de um sonho
No desejo de despertar
Pela tormenta da dor
Que me trespassa cruel
O sono do esquecimento.
No leito me revolvo
Como campo de morte
De batalha insana
Onde se desafiam
O sono e despertar.
A sensação de calor
enche meu corpo
Meu coração dispara
insano como potro
e o suor me invade…
E a morte em agonia
Repousa fria e fétida
Na penumbra da mente
E as mãos em súplica
São cenas do acto final…
A suavidade de uma voz
acalma minha alma
no exacto momento
tão eternamente doce
que chama por mim.
Rezo fervorosamente
Às divindades irreais
numa sensação forte
que se esvai de meu corpo
por uma fugaz realidade.
Calafrios me reduzem
À ínfima matéria volátil
que desaparece, lenta,
Se esfuma no nada
de meu coração vazio.
Meu coração dilacerado
Deitado ali, jazendo,
Pedindo-me socorro…
Errante, tresloucado.
Sou incapaz de responder
Mil imagens invadem
De pensamentos idos
Gerando medos desleais,
Tão cruéis, tão refinados
algozes da realidade.
Elevam-se, perdulárias,
A luxúria e a fantasia
esvaindo-se de mim
Prostrando-me na solidão
Do amor utópico.
A solidão que me trai
No sentimento da perca
Iminente nos confins
Tenebrosos de meu ser
Alimentados de ódios.
E a esperança se perde,
Esgotada de paixões
Cativa dos meus infernos
Ardentes de loucura
Que me negam teu nome.
Desliza na lava ardente
Do desejo não consumado
Que minha mão arranca,
Impiedosa, de meu peito
Trespassado de saudade.
E nem as lágrimas vertidas,
Sulcando meu rosto pétreo
Purificam a dor sentida
Da tua constante ausência
Que se perde nesta corrente.
Jamais voltarás a meus braços!
És a derrota final de mim mesmo,
Sem honra nem mais promessas.
De ti, só ficam telas desbotadas
Pelo calor da cinza fumegante.
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