Então, eu soube
... então, de repente, eu soube, que tinha encontrado o diabo!
E ele usava batom vermelho e possuía um grande rabo!
Usava saltos que alertavam, quando de mim se aproximava,
e a voz suave nas noites... enquanto me engabelava.
Argolas em suas orelhas, perfume de cadela no cio,
o andar cadenciado e lento, que despertava o arrepio.
Prometia muitas coisas que nunca, nunca cumpria!
Levou-me à falência moral e ao breu da hipocrisia.
Fez da minha vida um inferno e da minha cabeça seu trono.
Levou minhas amizades, lançou-me no pior abandono.
Passava horas e horas ludibriando meus sentimentos,
iludindo, enganando, destruindo meus pensamentos...
então, eu conheci a mentira, a deslealdade, a cobiça.
Experimentei quase tudo o que a desgraça desperdiça.
Gastei dinheiro a toa, me endividei pra valer.
Fiquei jogado na rua, de bar em bar a beber.
Troquei as expectativas por ocasiões tão vazias,
dedicando-lhe meu tempo por muitas noites e dias...
até que, por encantamento, no desencanto do tormento,
meus olhos finalmente se abriram e mostraram-me aquele horror!
A mulher que eu mais amava, a que eu tanto endeusava,
era ela o próprio diabo e a razão desse desamor!