Então, eu soube

... então, de repente, eu soube, que tinha encontrado o diabo!

E ele usava batom vermelho e possuía um grande rabo!

Usava saltos que alertavam, quando de mim se aproximava,

e a voz suave nas noites... enquanto me engabelava.

Argolas em suas orelhas, perfume de cadela no cio,

o andar cadenciado e lento, que despertava o arrepio.

Prometia muitas coisas que nunca, nunca cumpria!

Levou-me à falência moral e ao breu da hipocrisia.

Fez da minha vida um inferno e da minha cabeça seu trono.

Levou minhas amizades, lançou-me no pior abandono.

Passava horas e horas ludibriando meus sentimentos,

iludindo, enganando, destruindo meus pensamentos...

então, eu conheci a mentira, a deslealdade, a cobiça.

Experimentei quase tudo o que a desgraça desperdiça.

Gastei dinheiro a toa, me endividei pra valer.

Fiquei jogado na rua, de bar em bar a beber.

Troquei as expectativas por ocasiões tão vazias,

dedicando-lhe meu tempo por muitas noites e dias...

até que, por encantamento, no desencanto do tormento,

meus olhos finalmente se abriram e mostraram-me aquele horror!

A mulher que eu mais amava, a que eu tanto endeusava,

era ela o próprio diabo e a razão desse desamor!

HERCULANO FRANCISCO QUINTANILHA
Enviado por HERCULANO FRANCISCO QUINTANILHA em 15/01/2017
Código do texto: T5883067
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