Cinderela Contemporânea

Era já noite velha

E ela -Cinderela-

Decidiu sair p'ra dançar

E apenas com um sorriso

Fez o que foi preciso

Para eu a acompanhar,

Chegando ao restaurante

A multidão nos olhou relutante

-Com olhos negros de inveja.

E quando sorriram para nós

-Eu num silêncio feroz -

Caminhei como quem festeja!

(Caminhei em marcha lenta

Como quem não aguenta

O peso do próprio ego

E quando ela despiu as peles

Os olhares porcos e reles

Tornaram o meu ciúme cego)

Escusado será dizer

Que a noite daquela mulher

Foi loucura na alfombra

Só eu fiquei a olhar

Esta Cinderela dançar,

Só eu! E minha sombra.

E todos os invejosos

Foram príncipes pomposos

Cada um num pedestal

Cada um numa esperança

Que a Cinderela numa dança

Lhes oferecesse o seu Cristal.

Teodoro Aparício
Enviado por Teodoro Aparício em 16/12/2016
Reeditado em 16/12/2016
Código do texto: T5855396
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