Silêncio.
Eu senti falta da minha própria voz,
O cheiro de alvejante dominava a casa,
A pouca luz que entrava pela fresta da janela,
deixava o sol bater nas vestes molhadas.
O cabelo preso com desleixo,
As olheiras tão evidentes,
A camisa amarrotada,
A pele manchada.
Eu não me reconheci.
Não reconheci o meu riso quando algo engraçado passou na TV.
Não reconheci a minha calma,
Ou meu silêncio.
Me reconheci frente ao espelho,
Com a face molhada,
A alma lavada,
E o corpo carregado com toda a minha dor.
A casa em silêncio trancava tudo que eu não queria expor.