Alienado
Tudo que eu sei é que não me importo
Com toda essa decadência emocional
Que decora a minha mesa de jantar
Pois eu continuo o mesmo de sempre
Nada nessa década mudou para mim
Sim meu bem
O pão está na mesa
E o trabalhador está no campo
Ceifando a cevada dessa vida morta
Levando as minhas horas embora
Eu já não me importo
Por que deveria?
Nós se engasgamos com o sangue
Nós se engasgamos com os beijos
Que para sempre foram esquecidos
Naquela sua varanda aos pedaços
Mas se eu puder lhe dizer algo mulher
Saiba que o fogo ainda queima
E que a dor ainda resiste
Mesmo que lhe diga o contrário
Mesmo que eu nada lhe diga
Hoje nessa noite de doces pecados
Encho esse copo lascado e maldito
Com algo que um dia irá me matar
Pois eu sei que minha sede é grande
Para sua tola pobreza poder saciar.