PARTI...

Eu passei horas debruçada na janela.

A olhar sabe o quê?

Nada.

À minha frente a cidade com seus encantos.

Cidade que me cativa.

Mas eu a ignorei naquela tarde.

Estava fazendo uma viagem interior e meus olhos estavam presos a nada.

Meus pensamentos estavam longe no tempo.

Estavam num tempo que eu voava.

Sim, eu voava.

Ao teu encontro eu ia como se borboleta fora.

Como se fora um alegre colibri.

Eu pensava.

Que vontade deste tempo aqui.

Mas nem sequer me movimentava.

Pra que me mexer?

Pra que perder a magia da hora?

Naquela hora eu lembrava e de novo voava.

Com meu ser que encontra esta facilidade sempre.

Voar...

Ir te encontrar.

Te beijar.

O gosto do teu beijo nunca de mim vai se apagar.

Mesmo que nunca mais nos vejamos.

Como esquecer como nos amamos?

Era tudo isso que eu pensava debruçada na janela.

A tarde ia e eu nem via que anoitecia.

De repente me deu uma agonia.

Uma vontade de voar sobre o vale que enegrecia.

Uma vontade de alcançar as luzes da avenida que mais aparecia.

Era ali que nos encontrávamos as tardezinhas.

Na hora que o sol morria...

Quanta fantasia!

Deixei a janela.

Enxuguei a lágrima e ergui cabeça.

Estufei o peito e falei pra mim.

Não faça assim.

Reaja.

Reagir?

Eu tinha mais era que partir.

E o fiz...

Deixei a cidade.

Deixei pra traz tudo.

Só ficou no peito a dor da saudade.

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 26/07/2007
Reeditado em 07/04/2011
Código do texto: T580051
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