Antes!!
Antes!!!
Antes que a vida os recolha,
Não sou bom.
Esses meus pensamentos
Vou jogá-los ao vento
Vou deixá-los perdidos como migalhas
Largadas nos fios brancos das toalhas.
Antes que a língua se acovarde,
Não sou ruim.
Sob o sol em que a boca arde.
Eis que os olhos fingem alegria,
Que neles não existem neste dia,
Nesta hora, neste final de tarde.
Antes mesmo que me arrepende,
Não sou verdade.
Estas espécies de redemoinhos
Que vão brotando nos caminhos
Da gente e de toda essa gente.
Fazem da vida um incidente.
Antes de ser vida o som eterno,
Não sou mentira.
Como esta tarde imprecisa.
Entre o continuar inverno
Ou abraçar a primavera
Fico à sombra indecisa.
Uma hipótese na estatística da vida
Sou um ponto fora da curva.
E no que de antemão pressinto,
Vem esta espécie de nojo e instinto.
Resta-me, então, o meio do caminho.
Uva! Morrer doce ou se tornar vinho!