Tua maldade
Como se tivéssemos nascido para
vivido para
como se sobrasse um pouco do canto
na tua sala
Como se o dia fosse apenas
poesia
nada calou a tua maldade
o teu cinismo
se fez presente
sufocando minha existência demente
sem nenhum sentido
Mas tua maldade me calou uma vida
O que me tornei?
Ninguém nunca saberá
nem eu mesma sei
Mas agora
Não me calo
aqui na poesia
tudo se passou num estalo, num dia
de dedos que jamis se encontrarão
da falta de vida, da falta de chão
No orgulho e na vaidade
na tristeza, na crueldade
na vida entre roupas e lenços
entre vidas e o imenso vazio
liberta-me desse arrepio
da dor que me causou
desse imenso frio
da indiferença
da morte na crença
da minha pouca idade
da tua maldade
do nada que restou.