Tua maldade

Como se tivéssemos nascido para

vivido para

como se sobrasse um pouco do canto

na tua sala

Como se o dia fosse apenas

poesia

nada calou a tua maldade

o teu cinismo

se fez presente

sufocando minha existência demente

sem nenhum sentido

Mas tua maldade me calou uma vida

O que me tornei?

Ninguém nunca saberá

nem eu mesma sei

Mas agora

Não me calo

aqui na poesia

tudo se passou num estalo, num dia

de dedos que jamis se encontrarão

da falta de vida, da falta de chão

No orgulho e na vaidade

na tristeza, na crueldade

na vida entre roupas e lenços

entre vidas e o imenso vazio

liberta-me desse arrepio

da dor que me causou

desse imenso frio

da indiferença

da morte na crença

da minha pouca idade

da tua maldade

do nada que restou.

Barbara Bittencourt
Enviado por Barbara Bittencourt em 21/09/2016
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