CHUVAS DE VERÃO

Um pássaro no céu,

um círculo no chão,

trovão que corta o léu

assusta o coração.

Visão que se contrai,

um traço de ilusão.

A chuva que não cai,

rajada de verão.

Amargo como fel,

azedo de limão,

condenação de réu,

presságio, maldição.

Amor que se desfaz,

na cama, traição.

É chuva que se faz

tão fora de estação.

E enquanto a vida se esvai lá fora,

a chuva bate na janela e vai embora.

E enquanto a chuva cai aqui dentro,

a vida passa e se despede como o vento...