EXCLAMAÇÃO POÉTICA

E assim disse a poesia

Pois então passarei por ti, caro leitor e não me verás

Nao me verás quando eu te despir

Nao me veras quando eu te cuspir

Nao atentaras para mim.

Eu passarei como um resto de nada a beira da estrada

Os galhos secos de uma arvores derrubada

Os sapatos novos, esquecidos debaixo da cama,

Uma vontade largada

E não atentaras para mim

E eu irei pelo caminho

Palhaço sem circo

Cão sem carinho

Poesia, é isso que sou

Quase porcaria feita por amor

Quase bruxaria de quem a criou

Embebida em fragancia inebriante

Esculpida de sol a sol

por assombrosos prazeres de um amador.

Como um artista louco

Quero devorar minha existência

Quero ferir o coração deste papel

E deixar que escorra toda tinta

E me veja morta, deixada e esquecida

Na lapide que diz:

-Aqui jáz a fantasia e está morta a poesia

Quem diria que isso aconteceu,

Agora eu limpo as mãos do escritor

Serei apenas o leitor,

Apenas o leitor que nao se importa...

Serei apenas o leitor que se vai sem atentar para mim!