In Natura?

Preciso sentir o frio

para calar na minha pele o ardor,

mesmo que a neve seja de isopor

que ela congele este vazio.

Aceito fogos de artifício

no meu céu escuro de crepom,

estrelas de papel, cometas de neon :

o irreal talvez seja o meu ofício.

Se o oxigênio que me cabe é o engarrafado,

se é ilusão esse puro ar,

se é isto o que tenho para respirar,

serei eu a certa neste mundo errado?

Corantes, conservantes, máscaras e encenação,

mentira foi o que sobrou para mim.

Quisera eu um novo coração

feito um alvo para alguma emoção

e não para ser machucado por balas de festim.

Lili_
Enviado por Lili_ em 08/09/2016
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