In Natura?
Preciso sentir o frio
para calar na minha pele o ardor,
mesmo que a neve seja de isopor
que ela congele este vazio.
Aceito fogos de artifício
no meu céu escuro de crepom,
estrelas de papel, cometas de neon :
o irreal talvez seja o meu ofício.
Se o oxigênio que me cabe é o engarrafado,
se é ilusão esse puro ar,
se é isto o que tenho para respirar,
serei eu a certa neste mundo errado?
Corantes, conservantes, máscaras e encenação,
mentira foi o que sobrou para mim.
Quisera eu um novo coração
feito um alvo para alguma emoção
e não para ser machucado por balas de festim.