Sobre a solidão.

Não deu no jornal

Ninguém veio dizer

Mas eu sei

Que as pessoas solitárias

Podem muito bem

Acabar eternamente

Com essa solidão

Que de longe parece

dolorida e constante

Mas quando se olha de perto

e pra dentro

Percebe-se

Que quase todo mundo

Esconde em si

Um deserto bem maior

Enfeitado

De algo que já não existe

E vive num mundo

Insano e delirante

Recheado

de uma esperança cortante

Um diamante às avessas

Torna-se carvão

Um coração repleto e completo

Rodeado

da pura, boa e velha

Solidão.

Edson Ricardo Paiva