A BRASA
Todo o gelo está derretendo lá fora,
As flores estão se permitindo a colorir o caminho,
Mas ainda sinto que não consigo romper,
Essa parede é espessa demais, e estou desarmado,
O inverno foi além do que eu previa,
Gastei até mesmo a força que não sabia ter,
Para manter uma brasa protegida no porão do coração,
A cada hora que passa esfria mais aqui dentro,
Tudo que penso é que todo o esforço foi em vão,
Que a brasa vai congelar colocando tudo a perder.
Estou batendo forte contra essa parede,
Acho que não há ninguém lá fora ouvindo o meu grito,
Preservei o melhor de mim e agora estou vendo ele morrer,
Era verão quando esse gelo me prendeu,
Eu ardia no auge de uma paixão,
Mas ele chegou repentinamente e eu não consegui fugir,
E agora, a brasa foi tudo que sobrou,
Impotente, estou assisto ela morrer,
Mas vou respirar até o fim, ainda consigo alguns instantes mais,
Na esperança de encontrar o sorriso que a parede vai romper e brasa acender.