Pena em Fúria

Esta angústia derradeira

Assopra as chamas da esperança

Do meu coração imenso e quebradiço

Olho para trás e vejo meus sonhos sem força

Deixarem que eu prossiga sozinho

Eles debocham de mim mesmo exauridos

Zombam porque conhecem meus temores

Sabem que os deixarei entregues ao infortúnio

Não vou ergue-los novamente

Inúmeras vezes sofri

Por querer tornar reais os meus devaneios

E esse padecer inevitável devorou minhas entranhas

Feito um animal faminto

Não adianta me transportar para novos mundos

As minhas crenças já não superam esta incerteza

Há sempre um vazio

Quando paro para ouvir as estrelas sobre mim

O mesmo ser que fez as flores e o mar

Que difere cada pôr-do-sol

Se esqueceu do avião

E é o que chamamos de amor

Uma conflagração de corpos

Uma penetração seguida de um orgasmo

O poeta está revolto.