ESTAMPADO DE BORRÕES

Não é que eu esteja sentido esse sabor amargo à toa,

É que enquanto eu tinha um lápis e uma folha em branco,

E corria em sua direção, para que ao segurar minha mão escrevêssemos essa história que imaginei,

Fez meu peito de tapete, e com os calçados sujos da poeira da rua pisoteou esse coração,

E meu papel em branco ficou estampado de borrões sem forma.

Não é que me sufoquei nesse sentimento sem alguém para ajudar aliviar, sem pedir socorro,

Deus sabe que tentei encontrar tantos outros caminhos,

Mas eu estava tão perdido que não sabia em que lado seguir,

Uma rosa equivocada, que acreditando ser primavera, nasceu em um inverno, congelada,

Com pétalas rasgadas pelo frio cortante de uma noite solitária.

Não, não é que me acovardei na hora de tentar mais uma vez,

É que eu já tinha esgotado todos os meus sonhos,

E outra vez meu coração sangrava em uma hemorragia sem fim,

Sem poder pedir ajuda, sem saber se ainda havia salvação,

Como terra seca, desejando receber a chuva e liberar seu aroma com um beijo apaixonado.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 16/08/2016
Código do texto: T5730531
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