Nada

Esfregaram a sua cara na bosta

Lhe cuspiram nas costas

E você nada fez.

Roubaram seu país

Riram de seu nariz

e você nada fez

Entraram na sua casa

Comeram de sua comida

Desperdiçaram a sua bebida

E você... nada fez

Continuaram assim zombando

Rindo e fanfarreando

e você nada fez

Fez um nada tão perfeito

tão parado e tão direito

que justamente nele se transformou

Virou o dono absoluto do nada,

do vazio e assim dele cuidou

zelou por ele quietinho,

lhe dedicando todo carinho

que seu coração desleixado

poderia doar.

Pois você e o nada se encaixam

assim como o dedo e o anel,

como a abelha o e mel,

como o fillho e a mãe

Kátia Moraes
Enviado por Kátia Moraes em 20/07/2007
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