Nada
Esfregaram a sua cara na bosta
Lhe cuspiram nas costas
E você nada fez.
Roubaram seu país
Riram de seu nariz
e você nada fez
Entraram na sua casa
Comeram de sua comida
Desperdiçaram a sua bebida
E você... nada fez
Continuaram assim zombando
Rindo e fanfarreando
e você nada fez
Fez um nada tão perfeito
tão parado e tão direito
que justamente nele se transformou
Virou o dono absoluto do nada,
do vazio e assim dele cuidou
zelou por ele quietinho,
lhe dedicando todo carinho
que seu coração desleixado
poderia doar.
Pois você e o nada se encaixam
assim como o dedo e o anel,
como a abelha o e mel,
como o fillho e a mãe