Se eu te amasse...

Se eu te amasse...

Ah! Sim! Se eu te amasse,

Quiçá te desejasse,

Ou ainda te sonhasse:

Morreriam as flores,

Ruiriam as cores,

Feneceriam dores!

Que seriam dos ventos,

Arautos dos lamentos,

E de amantes, tormentos?

Que seria deste mundo,

Submisso infecundo,

Neste sono profundo?

Quem esgotaria horas,

Esperando auroras

E manhãs trovadoras?

Amar-te? Que demência,

Seria a inexistência…

Amar-te? Que falência…

Não haveria magia,

Baile, corso, folia,

E tudo morreria…

Finar-se-iam paixões,

Cativos corações,

Em elos de traições.

Mas se eu te desejasse,

Teus lábios, eu beijasse,

E teu corpo, eu tocasse,

Não haveriam mais céus,

Nem odaliscas em véus,

Nem mais poemas meus!

E das rosas, os perfumes,

Das brisas, os queixumes,

Mortos por teus ciúmes?

Que luares prateados

Nos seriam ofertados,

E quão verdes os prados?

Nem na nossa memória

Se retém já a história

Desta paixão inglória!

Contigo, meu “amor”,

De ontem, restou a dor,

Hoje? Só um penhor!

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 05/08/2016
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