Se eu te amasse...
Se eu te amasse...
Ah! Sim! Se eu te amasse,
Quiçá te desejasse,
Ou ainda te sonhasse:
Morreriam as flores,
Ruiriam as cores,
Feneceriam dores!
Que seriam dos ventos,
Arautos dos lamentos,
E de amantes, tormentos?
Que seria deste mundo,
Submisso infecundo,
Neste sono profundo?
Quem esgotaria horas,
Esperando auroras
E manhãs trovadoras?
Amar-te? Que demência,
Seria a inexistência…
Amar-te? Que falência…
Não haveria magia,
Baile, corso, folia,
E tudo morreria…
Finar-se-iam paixões,
Cativos corações,
Em elos de traições.
Mas se eu te desejasse,
Teus lábios, eu beijasse,
E teu corpo, eu tocasse,
Não haveriam mais céus,
Nem odaliscas em véus,
Nem mais poemas meus!
E das rosas, os perfumes,
Das brisas, os queixumes,
Mortos por teus ciúmes?
Que luares prateados
Nos seriam ofertados,
E quão verdes os prados?
Nem na nossa memória
Se retém já a história
Desta paixão inglória!
Contigo, meu “amor”,
De ontem, restou a dor,
Hoje? Só um penhor!
Leia mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=306901 © Luso-Poemas