Queria ser artífice de poemas dourados
Ter imagens da belle epoque
A se desenhar nos lábios cerrados
Palavra nunca dita nem sonhada
Queria Paris dentro d’alma...
 
Na periferia das minhas atenções
Sob o Equador implacável
Sou marinheiro do Atlântico
Escravo vendido e açoitado
Sem concessões à alegria dos exangues...
 
Minha palavra rota, suja, ofensiva
Faz do recanto da minha fuga, paraíso
Eu escrevo somente a gota mais amarga
Da bebida entorpecente que preciso.