Discurso para a tela de um computador num dia estressante de setembro.

Manhã quente de setembro...

desilusão com o poder legitimamente (?) instituído.

Eu e o computador... o computador e eu...

Eu e pilhas enormes de papéis... o peso sufocante das burocracias!

Conflito de classes, jogo de interesses, ânsia de poder...

meu poema seco!

Uma reação? Eu, como tantos, não ousaria:

devo ser bom!

sei que não tem saída este fétido e estreito beco

trata-se, tão somente, de seguir sobrevivendo

não há muito o que fazer, já nos disseram que nossos hábitos são

vício

crime

pecado

subversão

Nosso direito consiste em obedecermos cegamente

as regras definidas sem nossa participação.

O relógio pendurado no fim do corredor marca 13:27

chego na janela...calor derretendo o calçamento.

Nem o voo desengonçado de uma garça me distrai

a beleza deste sublime momento

empresta tão somente a cândida cor à frieza de meus versos...

Sei que esse velho círculo vicioso continuará

Tempos adversos.

E entre manhãs quentes e frias de tantos setembros

Seguiremos...À margem de nossas próprias possibilidades

preso neste emaranhado de meias verdades

refém do sistema que nós mesmos elegemos!

Isac Hudson
Enviado por Isac Hudson em 21/07/2016
Código do texto: T5704700
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