MÁSCARA LOUCA

“Ai Poesia, ai poetas!”

Desdenham da Poesia,

Quiçá também da Vida,

Chamando-lhe fantasia

Ficando de alma perdida.

Talvez tenham certa razão

Tais malogrados profetas

Que não sentem vocação

Pra serem também poetas.

Dizem que há poesia a mais,

Que até causa enjoação,

Fazem lembrar os pardais

A bicar migalhas do chão.

Dizem que é metediça

E com pouca qualidade

Mas, por estranha preguiça,

Negam-lhe a formalidade.

Dizem que é pasmaceira

E que vai de mal a pior

Mas não encontram maneira

De fazer mais e melhor.

Dizem que é antiquada

E não interessa a ninguém

Mas por estranha piada

Espreitam o que à rede vem.

Dizem que ela é pieguice

E também perda de tempo

Não passam de parolice,

Palavras soltas ao vento.

Dizem que é presunção

E não traz nada de novo

Tais vendedores de ficção

Não têm nem para um sorvo.

Ai ó Poesia, ai ó poetas,

Neste horror de linhas tortas

O destino destes profetas

É ficarem fora de portas.

A Poesia não veio ao mundo

Como pomba em revoada

Mas sim, em sentido profundo,

Para ser fogo e ser espada.

Não anda de alma perdida

Muito menos de voz rouca

Quem assim fala da vida

Já usa de máscara louca…

Não há poeta que se preze

Que deixe passar em claro

Aquele que a Poesia despreze

Negando-lhe um Bem tão raro

Nem há machado que corte

A raiz ao sentimento

Com a Poesia é-se mais forte

E tem-se mais encantamento.

Deixem a Poesia viver

Em gostosa convivência

E se não der para entender

Que a lesmice vire ciência!

Frassino Machado

In RODA-VIVA POESIA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 20/07/2016
Reeditado em 20/07/2016
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