Miragem

Ainda os mesmos erros de antanho,

nova cana moendo no velho engenho;

anestésico frágil pra dor desse espinho

lapsos de vida preenchidos com sonho,

vazio, na cara, das moedas que cunho...

Admito, são doloridas essas vacâncias,

como se necessitasse tais experiências;

após, tê-las sofrido, noutras províncias,

trago os pesos, as dores, ainda cônscias,

as retinas taciturnas são suas denúncias...

Os sonhos são motrizes desses andares,

gládios com o Fado em desentenderes;

dizem, após o temporal há um arco-íris,

que seja, se os matizes forem de amores,

senão, após miragem inda errarei alhures...