O Fio do Tempo

O fio da navalha entra rasgando

e jorra uma saudade negra

-feito sangue pisado pelo tempo-

Saudade antiga...saudade de ontem

-e de antes de ontem-

dos últimos dias das festas de Junho

o fio da navalha que atende pelo nome

- de êngodo, do desatino das falsas promessas-

saudade negra como um céu que nos cobriu

numa noite em que um adeus

-tão sem sentido-

me pegou de açoite...

O carrossel do tempo girou

passa um, passa dois, passa trinta anos

e de novo te vejo adentrar meus olhos

- e meus ouvidos e todos os sentidos-

O tempo parou...voltou...na verdade nunca se foi

-é o carrossel que gira de novo-

tão cheio de lembranças

e passou um...passou dois...passou quinze dias

e de repente...não mais que de repente

já não eras quem eu pensava ser

ainda era o de antes

-mas nada sabia do de agora-

e de repente o carrossel girou desnorteado

me atirou pra longe, no meio do nada

-cheio de um tudo amendrontador-

estou aqui presa entre o ontem e o hoje

e não sei se quero voltar pro carrossel da vida

- que nunca para-

deixa-me no meu canto...contando estrelas,

as mesmas que um dia brilharam sobre nós.

Sol Lopes
Enviado por Sol Lopes em 11/07/2016
Código do texto: T5694463
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