O Fio do Tempo
O fio da navalha entra rasgando
e jorra uma saudade negra
-feito sangue pisado pelo tempo-
Saudade antiga...saudade de ontem
-e de antes de ontem-
dos últimos dias das festas de Junho
o fio da navalha que atende pelo nome
- de êngodo, do desatino das falsas promessas-
saudade negra como um céu que nos cobriu
numa noite em que um adeus
-tão sem sentido-
me pegou de açoite...
O carrossel do tempo girou
passa um, passa dois, passa trinta anos
e de novo te vejo adentrar meus olhos
- e meus ouvidos e todos os sentidos-
O tempo parou...voltou...na verdade nunca se foi
-é o carrossel que gira de novo-
tão cheio de lembranças
e passou um...passou dois...passou quinze dias
e de repente...não mais que de repente
já não eras quem eu pensava ser
ainda era o de antes
-mas nada sabia do de agora-
e de repente o carrossel girou desnorteado
me atirou pra longe, no meio do nada
-cheio de um tudo amendrontador-
estou aqui presa entre o ontem e o hoje
e não sei se quero voltar pro carrossel da vida
- que nunca para-
deixa-me no meu canto...contando estrelas,
as mesmas que um dia brilharam sobre nós.