SEM TÍTULO
Há quanto tempo eu não leio um livro
Não junto palavras
Não descrevo minha dor
Aliás, a felicidade não tem me parecido digna de poemas
Sequer de versos ou frases
A dor que me irradia a alma
Está sempre escrita nos cantos dos papéis
Estampada a próprio punho.
Talvez por isso nunca me foge à memória esse tormento que é a vida
De significância sombria, fria e inescrupulosa
Virou um tema, um lema, ideologia
Viver intensamente os momentos ruis
E só reconhecer um recomeço
Quando identifico um outro fim.