DESABAFO
Pudera eu condenar-me a mim próprio,
Soubera eu perdoar aos meus inimigos,
Quisera eu ser diferente do que eu sou,
Daria mais de tudo aquilo que eu dou.
Não vislumbro caminhos nesse sentido,
Os obstáculos são tantos que desanimo,
Só a sorte de viver com esta qualidade,
Me dá coragem para provar a realidade.
Conclusão tardia chegou, fora do tempo,
De notícias trágicas dum mundo sinistro,
Em que se travam confrontos sangrentos,
Por ideologias radicais de vãos lamentos.
O mundo pertence a todos de igual posse,
Não é só daqueles que se acham únicos
Detentores da razão, praticando injustiças
A quem é íntegro e rejeita falsas teorias.
Nada há a fazer, nada funciona, rendido
Me dou por este mundo assim infestado
Por longa e má doença moral instalada,
Que acabará por destruir a civilização.
Ruy Serrano - 01.07.2016