TEMPUS PUTREFATUS

Já passam das quatro.

A Madrugada férrea

fervoa os nervos que me latejam

- Febre.

Do vulgo escorrem por entre meus dedos,

lodosas penumbras escritas.

A tinta púrea sem nome

- Morfina.

[…]

Embruteço-me com todo o ébrio

Parece-me melhor viver de vício.

Um glutão esturre que se enamora da sarjeta

- Néscio.

Enalteceria se não me parecesse incólume.

Desdenhar a própria ironia, e gritalhar a insânia:

Aberração da natureza estes homens!

- Ortofrênicos Frustados.

Há quem me desdizendo os defendesse por nicharia egótica.

Dariam-lhe mérito pela patifaria e inépcia.

Ressaltando-lhe minha escolha virtuosa

- Meritocracia.

[…]

Que tanto olho para o abismo da ignomínia?

O Puro fetiche pelo opróbrio e o morfético descaso

Já não satisfaz os míseros e dóceis mortais?

- Principio Carcinogênico

Todos estes porcos paranoides institucionalizados

Rufiões da eugenia transregrada

Me dá asco servir vossa frenologia teocrática

- Parafilia de Dominação

Heis a Sombra humana; o labirinto ubíquo

Onde os ratos reinantes se roem

Junto aos dejetos da lixeira orgânica pútrida de íntimo

- Nós

[…]

Farto-me de tudo e reivindico o ópio

Solene abraço da insipiência

O esgoto do mundo, insípido, nas veias.

- Desgosto

Os cínicos sinais do firmamento

Anunciam o óbice solar.

A noite finalmente definha; irei.

- o Servo da Labuta.

Hernâni Arriscado - TEMPUS PUTREFATUS.

Hernán I de Ariscadian
Enviado por Hernán I de Ariscadian em 21/06/2016
Código do texto: T5673653
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