As janelas da rua
Passo em minhas ruas
e há janelas claras
sem ninguém pousado nelas.
Na sala, sentada e livre,
vejo uma bala perdida,
vestida de vã maldade.
A janela é sua guardiã
e o crime,
seu mais assíduo visitante,
hóspede do horror,
remetente de dor,
monstro da sorte.
Minhas ruas conhecem o pavor
e como se vivessem em desamor,
alimentam a morte.
Fecho a janela e invadem a porta
e mulheres distraem-se à janela
talvez esperando a sortede morrer
quem sabe as acertem
as amargas balas que dão manchetes
e amanhã saúdam as mesmas ruas,
das janelas d’outras casas,
únicas donas da liberdade.
Não passo mais em minhas ruas!
O medo mora nelas com coragem!