Descrença

Descrença

De vez, entrego meu coração

sem pesar, um fardo sem valor,

sobrecarregado de ilusão,

vazio de ódio ou de amor.

Parto, sem esperança, sem fé,

nem caridade, só, na descrença,

rumo ao desconhecido, a pé,

roto, pejado d' indiferença.

Deixo tudo, meu parco haver;

folhas de papel garatujadas,

de arabescos falhos de saber,

penas rombas, poesias danadas.

Furto-me a madrigais de intrigas,

de armadilhas fatais , medos e brigas.

Nego-me à irrealidade vil

da possessão do amor senil.

Esqueço-me de odores famintos,

do inebriar dos meus sentidos,

do sexo, suas artes e gemidos

que me cercaram, secos e extintos...

De vez, eu esqueço-me de mim,

de sonhos, de promessas, enfim...

Parto, descrente, ouso um fim,

desta selva, outrora jardim!

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 03/06/2016
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