Cinzas
Cinzas
Quiseras, um dia, ser Fénix
imolada de amor e renascer,
mas de amar o ciúme te traiu.
Repousas no nada; em cinza
e pó levitados por vendaval em fúria
desbravando temores de teus medos.
Não sonhaste paixões nem ternura,
só o pesadelo cobarde te sustém viva
em partículas ínfimas de ti.
Teu ser dispersa-se na raiva cega,
no ódio eterno, na fatalidade cruel
que pares e te nega a ternura fiel.
E no deserto infernal dos tramas,
ardes lentamente no fogo maldito
da perdição e do esquecimento.
Fénix não serás jamais!
Apenas pó errante, um pobre nada indesejado
desde a nascença, estéril de amor.
Restas cinza de fogueira extinta
pelos ventos fatais da hipocrisia
onde nem uma só lágrima se verte.
Se renasceres, serás o monstro ideal,
a musa fétida das trevas, e inerte
jazes sem arte nem ousadia poética.
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