Cinzas

Cinzas

Quiseras, um dia, ser Fénix

imolada de amor e renascer,

mas de amar o ciúme te traiu.

Repousas no nada; em cinza

e pó levitados por vendaval em fúria

desbravando temores de teus medos.

Não sonhaste paixões nem ternura,

só o pesadelo cobarde te sustém viva

em partículas ínfimas de ti.

Teu ser dispersa-se na raiva cega,

no ódio eterno, na fatalidade cruel

que pares e te nega a ternura fiel.

E no deserto infernal dos tramas,

ardes lentamente no fogo maldito

da perdição e do esquecimento.

Fénix não serás jamais!

Apenas pó errante, um pobre nada indesejado

desde a nascença, estéril de amor.

Restas cinza de fogueira extinta

pelos ventos fatais da hipocrisia

onde nem uma só lágrima se verte.

Se renasceres, serás o monstro ideal,

a musa fétida das trevas, e inerte

jazes sem arte nem ousadia poética.

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 29/05/2016
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