De quantos adeus vamos precisar?

Uma lágrima fugiu do meu olho

Bem no meio do abraço que não era teu

E aquele beijo inundado de gentileza

Simplesmente pareceu tão errado...

Ainda que eu ande por outros caminhos incertos

Meus versos conhecem toda a tua escuridão

E a imortalizaram

Ainda é teu nome que invocam em uma noite de lua cheia

Com um feitiço mesclado de sangue e paixão

Não sei mais quanto tempo faz

Que pareces tão longe

Meu canto não te alcança mais?

Meus versos não te encantam mais?

Meus beijos não te tentam mais?

Meu eu... tu não o queres mais?

As palavras são sopros que não rivalizam com teu toque

E me pergunto de quantos adeus ainda vamos precisar

Se eu viver mais mil anos, vou perder tuas memórias numa gaveta empoeirada?

Se eu aprender a voar, vou conseguir deixar teu peso morto no chão frio?

Se eu amar outra vez, os pedacinhos de ti vão sumir do meu coração torturado?

Não lembro mais como é teu rosto

Embora minhas mãos ainda o imaginem entre elas

As lembranças doem como um anzol preso em minha boca

Lutando para me puxar para fora do mar

Eu quero nadar livre à luz do luar

Mas, para isso, de quantos adeus vamos precisar?

Minhas madrugadas ainda são tristes por tua causa

Ainda peço aos mesmos deuses que façam desexistir o primeiro amor

Não parei um segundo sequer e não fui a lugar nenhum

Minha voz é só um monólogo, um eco solitário

Tu não estás mais do outro lado da montanha

Mas até que eu entenda isso

De quantos adeus vamos precisar?