Quando acaba o amor

Quanto tempo faz que o tempo se desfez

e o tecido que eu tecia desmanchou-se em fios

que embaralhados enroscavam-se

em um bolo de cores opacas e desbotadas

Quanto verbo se perdeu no verso

do sonho quebrado que em poesia fiz ser meu

mas quebrou-se nas ondas dos medos profanos que a vida

deixou cair no teu colo vil

Quanta lágrima em gota puta

rolou pela face que um dia adoraste

e do sorriso que brincava nos teus lábios e nos meus faziam-se refletir

o que restou?

Quanto sonho que virou medo

e escondeu-se no esquecimento da vida que segue

porque o tempo nunca para e eu jamais pararei

até deixar de existir em um suspiro que se perderá no vento