Amei-Te um Dia…

Amei-Te um Dia…

Amei-te, desesperadamente,

sôfrego de te sentir meu ser.

Amei-te, mulher, no esplendor

total da tua maturidade.

Amei-te, menina, docemente,

abri-te como livro a reler.

Bebi cada estrofe com frescor

de água refrescante da vontade.

Amei-te sempre d' alma exposta

aos perigos da perda sem futuro,

em avidez seca e esgotante,

Amei-te, louco, por compaixão.

Amei no desprezo, sem resposta -

silêncio atroz - esbarrei no muro

de masmorras frias, sufocantes

da indiferença, sem compaixão.

Amei-te mesmo nesse negar,

de ti para mim, acusador

de erros cometidos, de traição,

mentiras fúteis, promessas vãs,

que teu ego teimou inventar.

Amei-te, poeta sonhador,

respeitei-te na contemplação

de outras querelas temporãs.

Hoje? O Hoje não existe mais;

nem sonhos, nem pesadelos,

felicidades ou mais venturas.

Finaram-se os poemas de amantes.

O olhar já não implora,

a boca, cerra-se e silencia ais,

e mãos que não se tocam,

prenhas de raiva e de desventuras...

Amar? Hoje? Só como farsa dramática!

Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 15/05/2016
Código do texto: T5636470
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