CINZAS DE CREMAÇÃO
Pedira uma poesia triste que falasse de amor
Onde houvesse a dor de pessoas desencontradas
Num calvário indefinido de almas assassinadas
Perdera o brilho, nasceu a opacidade
Coabitou com a indiferença, uma crença real
Sem fé na felicidade, rezou ao avesso
Teus olhos não emanavam brilho
Nem frio algum em seu ventre sentia
Pele não arrepia, lembrou do passado
Onde tudo era perfeita sintonia
A dor escancarara suas portas no agora
E a engolira como a um furacão
Chegara ao desconhecido sentimento
Não assustara-se, vivera toda a pungência desse instante
Arrastado pela mórbida solidão
Sem cor, calor, ou aroma do bom
Um nada sem rosto, um espectro estranho
E muitos questionamentos
Isso é dissabor dos grandes
Talvez tenha-se desfeito o amor
Como cinzas de cremação
Espalhadas ao vento sem direção
Choros em suas partículas desmembradas
Pela constatação de suas desilusões!