CINZAS DE CREMAÇÃO

Pedira uma poesia triste que falasse de amor

Onde houvesse a dor de pessoas desencontradas

Num calvário indefinido de almas assassinadas

Perdera o brilho, nasceu a opacidade

Coabitou com a indiferença, uma crença real

Sem fé na felicidade, rezou ao avesso

Teus olhos não emanavam brilho

Nem frio algum em seu ventre sentia

Pele não arrepia, lembrou do passado

Onde tudo era perfeita sintonia

A dor escancarara suas portas no agora

E a engolira como a um furacão

Chegara ao desconhecido sentimento

Não assustara-se, vivera toda a pungência desse instante

Arrastado pela mórbida solidão

Sem cor, calor, ou aroma do bom

Um nada sem rosto, um espectro estranho

E muitos questionamentos

Isso é dissabor dos grandes

Talvez tenha-se desfeito o amor

Como cinzas de cremação

Espalhadas ao vento sem direção

Choros em suas partículas desmembradas

Pela constatação de suas desilusões!

Patrícia Pinna
Enviado por Patrícia Pinna em 14/05/2016
Reeditado em 14/05/2016
Código do texto: T5635770
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