Adágio do Silêncio

Adágio do Silêncio

Se, um dia, alguém te disser

Que este amor é eterno

Deves logo desdizer

Que não foi mais que inferno.

Diz que nunca houve amor,

Não dormimos em alcova,

Jamais trocámos suor

ou vimos luas, cheia e nova.

Foste, nos meus olhos e alma,

Um adágio silencioso,

Um abjecto belicoso,

sem ternura, paz ou calma.

Foste o leito podre de água,

De coração estagnado,

O vazio, o erro, a mágoa,

O nada deste pecado.

Não serás jamais viola

Que tange nas cordas, vibrante,

Sussurros e gritos de amante -

Apenas ais por esmola.

Este adágio não existe,

Nem sequer é nasciturno,

Pobre acto taciturno,

Sangue sujo que esvaíste.

No silêncio do adágio,

Tentei amar-te, por plágio,

Mas em pranto irrompi,

Perante tal monstro, fugi…

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 13/05/2016
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