Ele disse adeus
Eu tenho andado deprimida
Com como as coisas mudam fáceis
Eu acho que não aceito isso muito bem
Não lembro um dia em que aceitei
Eu virei algo que eu achava que não podia ser
Mas eu não sei realmente o que é isso
Eu sei o que sinto, o que penso, o que vivo
Mas eu encaro essas coisas e não sei de mais nada
Eu pergunto ao espelho que me ignora
Ele se quebra, eu o quebro por respostas
E palavras que podem ou não me ajudar
Jogadas a esmo muito mesmo por tentar
Quando o sentido da vida, das rimas
Quando se mergulha na dor
Quando se encontra a frustração
Em um relacionamento sério com a decepção
Quando a esperança é pura utopia
Não um bem para fazer caridade
Eu não sinto sono
E durmo por simples necessidade
Quando eu fico triste
Agora eu ponho aquela música que me ajudava a viver
Não porque ela me deixa melhor
Mas porque ela me permite sofrer
É estranha a forma como as pessoas dizem adeus
Porque elas não falam realmente as palavras
Elas se vão e esperam que a gente saiba
Que o que quer que havia antes, já não há
Tantos motivos tortos por caminhos tortuosos
Que criam uma estranha reta diante de olhos míopes
Mas nunca é a doença o que aflige
Quando se entorta a cabeça para que a reta faça mais sentido
Antes eu visse como eles veem
Talvez o caminho fosse mais curto
Talvez eu descesse de cima do muro
E tivesse menos medo de caminhar
Então eu chegaria ao outro lado
Eu descobrira o que é que existe lá
O que compensa essa jornada sinuosa
E a passagem cobrada à dor para chegar
Eu nunca vou crescer porque eu não sei o que eu fiz
E eu não sei se gostaria de ter sido melhor
Ele disse adeus por outra pessoa
Sem nunca realmente ter dito nada
E foi assim que eu soube que acabara
Quando o silêncio foi maior que a existência
Quando a existência se apagou como fumaça
E eu fiquei na ponta do penhasco assistindo ele ir
Nada foi dito e assim eu soube que nada iria
Virou o mal tudo que foi bom um dia
E eu sabia que nada seria como antes
Mas também não sabia se gostaria
Ele disse adeus por outra pessoa
Porque é o que ele tinha de fazer
Há escolhas que apenas devem ser tomadas
E não cabe a quem não tomou a tarefa de entender
Ele disse adeus por outra pessoa
E alguns dias eu me perguntava de um dia o conheci
Porque quando ele foi sem sorrisos no rosto
Eu tive aquela sensação de ser alguém que eu nunca vi
Os amores, as amizades acabam como se nunca tivessem existido
Os mais intensos não deixam nem mesmo vestígios
E quem gostaria de sofrer com as sobras
Ou os restos de algo que nunca vai voltar
Eu não vou usar óculos
Somos todos míopes afinal
Entortando a cabeça para olhar para a estrada torta
Esperando que faça sentido em um mundo de idiotas
E eu afundo em um poço do qual não sei se vou voltar
Usando as tristezas que talvez não sejam as culpadas
Se são desculpas ou não, o que importa
O que importa é que já estou lá