Gárgulas e Quimeras

Gárgulas e Quimeras

Ah! Como urgem vidas estas Gárgulas,

Aberrantes e cómicas, que vomitam

Enredos e tramas, quais desaguadouros!

Como são monstruosas as deturpações

Destas mentes refinadamente insanas

De corpos estáticos, senis, intocados…

E as Quimeras que ornamentam em redor

Carpindo suas desditas, em coro de vates,

Juram mil eternas vinganças conjuradas.

Como são patéticas estas vis gargantas

Arquitectadas por insondáveis desejos

De paternidade em ventres infecundos.

Se as Gárgulas são cornijas ornamentadas

De telhados faustosos, porque se incarnam

De lendas de podridão e consomem, ávidas,

As existência de nós, poetas, que ousamos

Escrever amores, viver paixões e sonhos?

Essa ousadia é a chave da transmutação!

Se as Quimeras são incrustações petrificadas

De mansões erigidas por ganância e poder,

Banhadas no gorgolejar constante do veneno

Das suas irmãs superiores, porque choram,

Malditas, em coros uivantes de desgraças?

Porque um raio desavindo não as desfaz em pó?

- Não poeta, riem-se macabras da tua doação!

Ah! A Gárgula mestra, mesclada de fungos ciosos

que lhe devoram as entranhas, é a maestrina perfeita

deste coral mortífero gerador de pesadelos existenciais,

os algozes perfeitos que executam os sonhos poéticos.

E, ai das aberrações que aspirem a humanizar-se…

- Com o poeta, serão supliciadas de tormentos e dor.

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 17/04/2016
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