Gárgulas e Quimeras
Gárgulas e Quimeras
Ah! Como urgem vidas estas Gárgulas,
Aberrantes e cómicas, que vomitam
Enredos e tramas, quais desaguadouros!
Como são monstruosas as deturpações
Destas mentes refinadamente insanas
De corpos estáticos, senis, intocados…
E as Quimeras que ornamentam em redor
Carpindo suas desditas, em coro de vates,
Juram mil eternas vinganças conjuradas.
Como são patéticas estas vis gargantas
Arquitectadas por insondáveis desejos
De paternidade em ventres infecundos.
Se as Gárgulas são cornijas ornamentadas
De telhados faustosos, porque se incarnam
De lendas de podridão e consomem, ávidas,
As existência de nós, poetas, que ousamos
Escrever amores, viver paixões e sonhos?
Essa ousadia é a chave da transmutação!
Se as Quimeras são incrustações petrificadas
De mansões erigidas por ganância e poder,
Banhadas no gorgolejar constante do veneno
Das suas irmãs superiores, porque choram,
Malditas, em coros uivantes de desgraças?
Porque um raio desavindo não as desfaz em pó?
- Não poeta, riem-se macabras da tua doação!
Ah! A Gárgula mestra, mesclada de fungos ciosos
que lhe devoram as entranhas, é a maestrina perfeita
deste coral mortífero gerador de pesadelos existenciais,
os algozes perfeitos que executam os sonhos poéticos.
E, ai das aberrações que aspirem a humanizar-se…
- Com o poeta, serão supliciadas de tormentos e dor.
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