Outra vez

Outra vez o asfalto, a encruzilhada e a caverna

Outra vez o assalto, o moço e a lanterna

Outra vez o poço, os ossos e os fantasmas

Outra vez a dúvida, a raiva e o manifesto

Outra vez a lama, a trama e o protesto

Outra vez a noite despida sem pudor

Outra vez o pó de tudo aquilo que se conquistou

Outra vez o crime nas falas e nos costumes

Outra vez o passado disfarçado e sem perfume

Outra vez o sol, a lua e a escuridão

Outra vez os olhos na cegueira de corrupção

Outra vez o úmido, o mofo e o limo

Outra vez os porões de chão frio e sem arrimo

Outra vez o pão sem manteiga e sem gosto

Outra vez as caras pintadas naquele posto

Outra vez a casa sem firmeza e sem reboco

Outra vez a vida um saco e um sufoco

Outra vez o muro se erguendo e separando...

Outra vez o medo crescendo e nos matando.

Alexandre Sena
Enviado por Alexandre Sena em 15/04/2016
Reeditado em 18/04/2020
Código do texto: T5605777
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