No próximo outono
Amor é o que esperastes de mim,
logo esse corvo que sofre de desamor,
vistes algo dentro do meu ser que não devias,
procurastes luz onde só havia escuridão,
quisestes calor onde reinava a frieza...
No próximo outono serei apenas esquecimento,
um amargor que vai se desapegando lentamente...
Amor é o que desesjate-me,
uma piada de final de estação,
um verão fora de hora num inverno constante,
tentastes mudar uma natureza inconstante,
pedistes um desejo impossíve à um destino traiçoeiro...
No próximo outono serei apenas fuligem,
uma fogueira já feita em cinzas de madeiras em brasa...
Amor é o que pensavas me ensinar,
eu, esse aluno rebelde de fórmulas e gramáticas,
esse reprovado em matérias de sensações duradouras,
esse expulso de abraços fraternos e beijos calientes,
imaginastes tocar a alma de um condenado sem espírito...
No próximo outono serei apenas um nada,
o invisível do vento em montanhas bem distantes...