SEPARAÇÃO IV

É hora de desmontar a vida,

É hora de apagar os sonhos,

É hora de desarrumar o peito,

É hora de demolir castelos,

É hora de encher as malas,

É hora de esvaziar a alma

E de inflar de dor o coração...

É hora de fragmentar conquistas,

É hora de espalhar as pérolas

Do colar que se quebrou,

É hora de juntar os cacos,

É hora de estraçalhar inteiros

Daquilo que o amor edificou.

É hora de dividir os livros,

É hora de recolher as fotos

E de despir paredes

E de guardar os quadros

Que denunciam as alegrias

Vividas intensamente nesse tempo,

Que em todo tempo fomos um só.

É hora de bater a porta,

É hora de virar a costas e engolir a dor,

É hora de ir embora,

É hora que eu não quero,

É hora que ainda espero

Que me peça pra ficar...

Mas sei lá, sua voz continua presa.

É mesmo hora de partir,

De seguir a trilha e vulnerável pela vida

Como lebre no deserto,

Aventurar viver.

É tempo de carregar desejos,

De deixar passar o tempo

E esperar que um dia de manhãzinha

Você me encontre por aí...

Mas pode ser que nesse tempo

A voz calada seja a minha.

E na somatória, no mais e menos

Dessa aventura de amar,

Onde tanto se perdeu,

Irás descobrir que perdi que eu tinha

Mas que tu perdeste bem mais que eu.

luznaentradadotunel
Enviado por luznaentradadotunel em 21/03/2016
Código do texto: T5580598
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